Maria me consultou porque estava frustrada com a distância que sentia em seu relacionamento com o marido, Carl. Ele queria estar próximo a ela, mas ela não se sentia próxima a ele.
"Acho que o problema é que ele frequentemente fala comigo de forma crítica ou condescendente. Ele parece um pai em vez de um parceiro. Eu simplesmente odeio que falem comigo dessa forma."
"Como você reage quando ele fala com você desse jeito?" perguntei.
"Eu me retiro e me sinto mal. Depois, às vezes, tento conversar com ele sobre o assunto, mas ele não sabe do que estou falando. Ele acha que sou muito sensível e que só quero culpá-lo."
O problema de se anular numa relação
Quantas vezes você já teve a experiência de não saber o que dizer em um conflito? Mais tarde, depois de refletir sobre o assunto, você pensa em todas as coisas que gostaria de ter dito. Então, volta ao seu parceiro para tentar lidar com a questão, mas descobre que é tarde demais - seu parceiro não entende do que você está falando.
"Maria, imagine que a parte de você que odeia que falem com você como o Carl fala com você é uma criança pequena. Você deixaria que ele falasse com uma criança assim?"
"Não. Na verdade, não deixo que ele fale assim com nossos filhos. Ele fala com eles com gentileza e carinho porque sabe que eu direi algo se ele for mau com eles."
"Então você defende seus filhos no momento, mas não defende a si mesmo, a criança dentro de você, no momento?"
"Sim. Eu nunca sei o que dizer."
"O que você dirá a ele mais tarde?
"Eu lhe digo que não gostei de seu tom de voz. Mas ele não está ciente disso."
Quando o silêncio não é opção
"Certo. Ele só terá consciência disso se você disser no momento. A maioria das pessoas não tem consciência de seu tom de voz. Quando você lhe fala sobre isso mais tarde, ele realmente não sabe do que você está falando.
Você precisa estar respondendo no momento para que ele ouça sua própria voz. Você precisa dizer algo como: "Carl, odeio quando você fala comigo com essa voz paternal e de julgamento. Não tenho vontade de ficar com você quando fala comigo dessa forma".
Você terá uma chance muito maior de ele entender o que você está dizendo quando puder ouvir sua própria voz no momento. E você se sentirá muito melhor quando falar por si mesma no momento. Você não sentirá tanta vontade de se retirar quando não estiver se abandonando diante do tom de julgamento dele."
Embora Maria certamente não gostasse do tom de voz de Carl, sua distância dele se devia mais ao seu autoabandono do que ao comportamento dele.
Enquanto ela se fazia de vítima e não cuidava de si mesma no momento, ela estava se sentindo mal. É fácil culpar Carl e pensar que os sentimentos dela são culpa dele, mas os sentimentos dela eram, na verdade, o resultado de não se cuidar com amor perto de Carl.
Tomando uma atitude
Marie começou a se manifestar, sem culpar Carl, mas apenas deixando-o saber sua verdade. Para sua grande surpresa e alegria, ele finalmente começou a entender o que ela estava dizendo. Na verdade, ele era uma pessoa atenciosa e simplesmente não percebia que estava sendo paternal e julgador.
Quanto mais Marie reagia no momento e falava sua verdade, melhor ficava a relação entre eles. Carl não era perfeito, mas Marie descobriu que quando ela falava em vez de se retrair, eles conseguiam lidar com o problema no momento.
Ela também descobriu que, quanto mais cuidava de si mesma no momento, em vez de se fazer de vítima - com Carl e com seus amigos e familiares -, mais respeito Carl tinha por ela. Parte do julgamento que ele fazia em relação a ela vinha de sua frustração por ela não ter se defendido perante a família e os amigos!
