Quantas vezes você já disse: "Eu não tive escolha"? Essa é uma frase que é dita por muitos para justificar seu comportamento ou reclamar das circunstâncias de sua vida.
Certamente, podemos continuar a acreditar que não há escolhas, mas acredito que esse tipo de pensamento é o que mais contribui para nossa frustração e limita a força e a quantidade de poder pessoal que experimentamos.
Sempre que estiver em uma situação em que acredita que "não há escolha", lembre-se de que sempre há pelo menos três opções. Toda situação tem pelo menos estas três soluções possíveis: você pode deixá-la, mudá-la ou aceitá-la. Cada opção parecerá diferente em cada situação.
Vamos examinar as opções de uma mulher em um relacionamento abusivo. Preocupa-me o fato de as mulheres em relacionamentos abusivos não terem um lugar seguro para buscar ajuda ou falar sobre seus problemas.
Há um constrangimento em compartilhar o que está acontecendo em suas vidas. Um abusador convencerá sua vítima de que ela é, de alguma forma, culpada pelo abuso. Isso, muitas vezes, fará com que a pessoa em um relacionamento abusivo sofra em silêncio.
Homens passam por relacionamento abusivo
Não quero, de forma alguma, insinuar que não há homens vivendo em relacionamentos abusivos. Isso pode criar uma situação seriamente desmoralizante para um homem.
Como um homem explica a seus amigos que sua esposa ou namorada bate nele ou é constantemente abusiva verbal e emocionalmente?
Acredito que há muito mais homens em tais relacionamentos do que pensamos. Como eles carregam um estigma especial se admitirem o que está acontecendo em suas vidas, a maioria permanece em silêncio. Também pode haver violência doméstica em relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo.
No entanto, para os fins deste artigo, estou escrevendo como se o agressor fosse um homem e a vítima uma mulher, porque é o meu lugar de fala.
Tentar mudar a situação
A primeira opção em uma situação como essa é tentar mudar a situação. Muitas mulheres tentam ter tudo perfeito para seu cônjuge ou parceiro.
Elas caminham sobre cascas de ovos, acreditando que se forem melhores, mais amorosas, mais submissas, mais silenciosas, mais invisíveis, então o homem não as machucará.
Muitas mulheres em relacionamentos abusivos estão dispostas a passar a vida inteira tentando mudar o comportamento do parceiro.
É claro que essa é uma tentativa inútil porque as pessoas não mudam por outra pessoa. Elas mudam quando seu comportamento atual deixa de funcionar para elas e, às vezes, nem isso.
Eu poderia perguntar a uma mulher: "Quanto tempo você está disposta a esperar para que ele mude? Você já passou 10 anos, está disposta a passar mais 10?"
Essa é uma pergunta que somente a mulher pode responder, pois ela pode estar disposta a esperar a vida inteira. Não cabe a mim ou a qualquer outra pessoa decidir o que é melhor para outra pessoa. Afinal de contas, não estamos na pele dela.
Podemos apenas presumir o que faríamos na mesma situação, mas a resposta certa para nós pode não ser a resposta certa para a pessoa que está passando por isso.
Terminar o relacionamento
O segundo resultado possível é abandoná-lo. Em um relacionamento abusivo, isso significaria terminar o relacionamento.
Muitas mulheres em relacionamentos abusivos têm medo de sair porque acreditam que o parceiro irá caçá-las e possivelmente matá-las ou, pelo menos, reivindicar sua "propriedade" e forçar a mulher a voltar.
As estatísticas nos dizem que há mais mulheres mortas em relacionamentos abusivos que permanecem no relacionamento do que aquelas que o abandonam, mas diga isso à família da mulher que o abandonou e foi morta pelo marido.
Nesse caso, as estatísticas não são muito úteis. Novamente, é fácil para nós decidir que seria melhor para uma mulher sair de sua situação atual, mas será que realmente sabemos o que é melhor para outra pessoa?
Você quer ser a pessoa que carrega essa responsabilidade? Sair do relacionamento é definitivamente uma opção viável, mas ela deve ser tomada apenas pela mulher que está no relacionamento.
Quando é vítima de violência doméstica
Existem organizações criadas para ajudar as vítimas de violência doméstica a escapar da violência de sua situação, mas as leis se tornam muito complicadas quando há crianças e situações de custódia envolvidas.
Algumas mulheres ficam porque não querem deixar seus filhos. Muitas ficam porque estão comprometidas com seus votos de casamento que dizem: "Na saúde e na doença. Até que a morte nos separe".
Ninguém pode decidir por outra pessoa que ela deve abandonar seus votos se mantê-los é seu maior valor. Eu poderia perguntar a uma mulher se ela considerou todas as suas opções e pensou nas consequências de cada escolha.
Em seguida, eu perguntaria se ela acredita que abandonar o relacionamento é a melhor opção e se está disposta a arcar com as possíveis consequências dessa escolha.
Pagar as possíveis consequências de sair é preferível a permanecer na situação atual? O risco vale a pena? Para alguns, definitivamente vale.
Algumas simplesmente aceitam e permanecem
A última opção é aceitar o fato. Aceitar é diferente das outras duas opções. Nas duas primeiras opções, a mulher está mudando as circunstâncias externas.
Quando ela está tentando mudar, está tentando mudar o comportamento do parceiro. Quando ela deixa o relacionamento, está mudando suas circunstâncias. Mas a aceitação envolve permanecer na situação, entender e aceitar que a outra pessoa não mudará e encontrar uma maneira de ficar bem com isso.
A mulher em uma situação abusiva decide que não vai sair e percebe que o marido pode nunca mudar, mas decide ficar mesmo assim. Para alguns, essa pode ser, de fato, a melhor opção.
O que fazer para apoiar alguém que sofre um relacionamento abusivo
Para aqueles de nós que amam a mulher nessa situação, temos as mesmas três opções a seguir. Podemos deixá-la... - isso provavelmente significaria terminar nosso relacionamento com a mulher porque não suportamos vê-la em uma situação abusiva.
Podemos tentar mudar a situação, tentando convencê-la a deixar o homem. Isso é o que muitos amigos e familiares fazem e, às vezes, a mulher decide deixá-lo. Ela pode decidir que não consegue conviver com sua desaprovação, seja ela declarada ou silenciosa.
Por lealdade ao parceiro, ela pode decidir que não está mais certa em ouvir suas declarações contra ele. O que ela precisa é de seu apoio, não de julgamentos e coerção para fazê-la deixar alguém que ela talvez ame.
Ou, na terceira opção, podemos aceitar o fato. Isso significa que percebemos que essa mulher tem suas próprias decisões de vida a tomar e que ela fará o melhor que puder com as escolhas que estão disponíveis para ela. Você será amigo dela e a apoiará em suas decisões, sabendo que não pode mudá-la, nem a ele.
Querendo ou não, a pessoa só vai sair desse relacionamento abusivo quando ela quiser, e não podemos forçá-la. Ela pode até brigar contigo se insistir. Mas, continue do lado da pessoa.
